segunda-feira, 28 de maio de 2012

* *A vitória do Chelsea sobre o Bayern* * Luis Fernando Veríssimo* A vitória do Chelsea sobre o Bayern naquele jogo fantástico que decidiu a Copa dos Campeões trouxe um alento para quem ainda acredita na União Europeia. Cada campeonato sensacional da Uefa reforça a ideia de que é possível existir uma comunidade que funcione. O futebol dá o exemplo — não de rivalidade exacerbada entre nações mas do sucesso comercial de um empreendimento comum, fora uma ou outra guerra de torcida. É verdade que o Chelsea não é um exemplo cem por cento aproveitável de triunfo europeu. É um clube inglês que pertence a um milionário russo e cuja estrela principal vem da Costa do Marfim. Mas quem sabe a solução para a Europa não deva vir de fora e o que falte não seja um patrocinador com muito dinheiro e uma política de imigração que facilite a vinda de muitos Drogbas? A salvação, quem diria, pode vir da Rússia e de uma política de imigração sem restrições, oposta à proposta atualmente pelos conservadores de toda a Europa. Um investidor americano já é o dono de outro tradicional clube inglês, o Liverpool. A tendência pode crescer e nada impede que algum milionário compre não um clube grego mas a Grécia. A Copa da Uefa pode sugerir outras maneiras de a Europa resolver sua crise. A grande discussão, hoje, sobre o futuro do continente, é entre austeridade e crescimento. Por que não transformar esse confronto em futebol? Times identificados com a austeridade — como uma seleção alemã — contra times pró-crescimento, num torneio bem organizado, com o vencedor final decidindo a política a ser seguida por todos. Com o atrativo adicional de se ver o Messi e o Drogbas no mesmo time. Mesmo que não aproveitem minhas ideias perfeitamente razoáveis, o futebol dos campeões europeus permanece como um parâmetro para os políticos em busca de uma saída para a crise. Mas pode, claro, acontecer o contrário: em vez de o futebol mostrar a saída para a crise, a crise alcançar também o futebol. E o espetáculo da final deste ano em Munique ser lembrado como a apoteose que precede o declínio. Mas, bem ou mal, foi uma apoteose.

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